Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A Fábrica da Madeira após o Engenho Eólico

              Existem referências de que já na segunda década do século XVIII existia na Marinha Grande a Fábrica da Madeira. De início esta fábrica laborava com recurso à serragem braçal das madeiras mas, em 1724, com a entrada em funcionamento de um engenho de serrar movido a vento , a sua laboração foi melhorada.              Foi o Rei D. João V quem, por volta de 1723, tentando resolver o problema da serragem das madeiras, comprou e mandou instalar na Marinha Grande este engenho de serrar movido a vento. Porém, devido a deficiências no seu mecanismo, este engenho foi destruído em 1774 por um incêndio provocado pelo atrito e nunca mais foi reconstruído.              O período após o desaparecimento do engenho de serrar movido a energia eólica, cujas referências são escassas, deverá ter sido de continuação da Fábrica da Madeira, com a serragem manual das madeiras do Pinhal do Rei.              Em 1788, Philadelphia Stephens (irmã de Guilherme Stephens) no relato que faz da visita re

Pau Real

          Não foi possível conhecer com suficiente aproximação o início da designação “Pau Real”, atribuída a certas árvores no Pinhal do Rei.              Porém, já no parágrafo 25 do Regimento para o Guarda Mor dos Pinhais de Leiria, feito em 1751, se diz:              “Toda a pessoa de qualquer qualidade, que seja, que for comprehendida em cortar páu de algum dos meus Pinhaes, pagará pela primeira vez cinco mil reis, e pela segunda dez mil reis; e sendo porém páo Real capás de servir nas minhas fábricas, pagará pela primeira vez vinte mil reis, e pela segunda quarenta mil reis, e dous anos de degredo para Africa, e em todo o caso perderá as alfaias, os Bois, e os carros, que forem achados no Pinhal carregando madeira; tudo aplicado na forma assima dita. (…)”.                           Esta transcrição, retirada do livro “Pinhal do Rei”, Vol. 1, de Arala Pinto, de 1938, vem acompanhada de uma fotografia de “Um páo Real”, existente naquela época no Pinhal.               A avaliar pela

Lobos

            Manuel Afonso da Costa Barros foi uma das personalidades mais importantes de toda a história do Pinhal do Rei (Pinhal de Leiria). Em 1789 era Cabo dos Guardas do Real Pinhal de Leiria, em 1807 Director das Fábricas Resinosas, em 1824 Inspector da 1ª Divisão do Pinhal de Leiria e em 1847, já com 80 anos de idade, foi nomeado Administrador do Pinhal de Leiria, interinamente.             Em 4 de Abril de 1812, enquanto Director das Fábricas Resinosas, envia um Ofício a D. Miguel Pereira Forjaz, ministro e secretário de estado dos negócios da guerra, sobre ataques de lobos à população da Marinha Grande.             Como notas prévias, diga-se que a Fábrica da Madeira e a Fábrica Resinosa , indústrias estatais ligadas à exploração e comercialização dos produtos do Pinhal, no caso a serração de madeiras e o fabrico de pez e outros produtos de base resinosa, funcionavam no lugar do Engenho, no sítio do actual Parque Florestal; o Ofício relata a realidade nua e crua de há duzentos

Parque do Engenho – Festas tradicionais

            No recinto do actual Parque Florestal do Engenho funcionaram, ao longo dos séculos, vários serviços ligados à exploração e administração florestal do Pinhal do Rei.             Cheio de arvoredo e jardins, outrora bem tratados, o Parque do Engenho foi aberto ao público por volta dos primeiros anos do séc. XX.             Para além das actividades inerentes à exploração e administração do Pinhal, o parque acolhia, ocasionalmente, algumas actividades culturais ou de lazer em benefício dos trabalhadores dos Serviços e da população em geral.             Já no início do século XX, era costume efectuarem-se grandes convívios populares por ocasião do 1º de Maio, a cargo da Associação dos Vidraceiros. Deslocavam-se, em desfile, com carros alegóricos e a Banda dos Bombeiros Voluntários da Marinha Grande, seguidos pela população que, durante todo o dia ali convivia alegremente.             A partir da década de 30 do passado século, ali se realizaram grandes festejos, pr

A Carripana das Matas

            Circulou, em tempos, na Marinha Grande, ao serviço das Matas Nacionais, um típico meio de transporte por tracção animal. Era a caleche das Matas. Destinava-se ao uso dos funcionários superiores e suas famílias e deslocava-se principalmente entre o Parque Florestal do Engenho , onde estava a residência desses funcionários, e o Edifício da Administração , na rua D. Dinis, embora se deslocasse também por toda a povoação sempre que fosse necessário.             Não foi possível saber em concreto a data de início de circulação deste meio de transporte, mas já o Eng.º Arala Pinto o usou. De facto, em 1938, no seu livro “Pinhal do Rei”, Arala Pinto mostra-nos uma fotografia da caleche das Matas estacionada junto ao edifício da administração.             O poeta marinhense José Duarte de Carvalho (27 de Janeiro de 1877 – 27 de Fevereiro de 1952) deixou-nos, em 1944, o seu único livro: “Cristais Sem Brilho”. Neste pequeno livro, escrito num período de guerra, encontramos int

A caixa de cigarrar

            As primeiras décadas do século XIX foram de extrema violência no que respeita a incêndios no Pinhal do Rei. Estes incêndios, que ficaram conhecidos como “Queimadas”, levaram o administrador do Pinhal, Rodrigo Barba Correa Alardo, a conceber, ao longo dos anos, uma série de documentos visando evitar tais incêndios. Nesses documentos criou regras, procedimentos e punições para quem não os acatasse. A limpeza do Pinhal, queimando os matos, a abertura de novos aceiros, o aumento dos guardas, a multiplicação das rondas e outros procedimentos a adoptar, faziam parte da grande luta contra os incêndios no Pinhal do Rei naquela época. Havia alguns bem curiosos, como a obrigatoriedade de, após uma trovoada, os guardas terem se subir aos pontos mais altos do Pinhal ou às torres das igrejas das povoações mais próximas para ver se havia vestígios de fumo em consequência de algum incêndio provocado pela dita trovoada. Mas o mais curioso dos procedimentos foi a caixa de cigarrar.    

A Carvoaria

            O ponto de viga Ponto Novo , no Pinhal do Rei, foi outrora também designado por alguns como Ponto da Carvoaria. O facto deve-se a que na zona envolvente do local onde se encontra tenham existido, noutros tempos, inúmeras carvoarias. A sua existência deve-se à necessidade de limpeza dos despojos florestais criados durante o desbravar daquela zona do Pinhal, considerada praticamente floresta virgem em meados de século XIX por dificuldades de limpeza. Assim, ao transformar tais despojos em carvão, além de limpar o local, criava-se riqueza com a sua produção, importante fonte de energia naquela época. Estávamos no século XIX.             Especificando, veja-se o que diz o “Relatório da Administração Geral das Matas do Reino – Ano económico de 1858-1859” acerca da limpeza daquele local, conhecido como Carrasqueira :                 “ (…)         A carbonização, que era um expediente indispensável para dar valor ao combustível, foi um ponto difícil de tratar, porque nem a