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Araucárias no Pinhal do Rei (2)

            Na publicação que aqui deixei em Novembro de 2016 acerca das Araucárias no Pinhal do Rei dizia:
            O Viveiro Florestal do Tromelgo foi abandonado pelos Serviços Florestais em meados do século XX e destes exemplares de araucária desconheço qualquer vestígio até à data desta publicação.”
            Ora, posteriormente, numa visita mais aprofundada ao lugar do Tromelgo, apercebi-me de uma árvore que poderia corresponder ao que, entretanto, tinha andado a investigar sobre araucárias. Porém, não sendo conhecedor destas matérias, e estando a árvore cercada por densa vegetação, onde exemplares altíssimos de acácias quase a ocultavam, ficaram-me na altura algumas dúvidas sobre aquele exemplar. Assim, e aliando alguma inércia, ficou o assunto esquecido por quase um ano.
            Já depois do trágico incêndio de 15 de Outubro de 2017, ao voltar ao local, me deparei novamente com este exemplar, e logo as mesmas dúvidas me assaltaram. Regressei então ao local, posteriormente, na companhia do meu amigo Franquinho, conhecedor destas matérias, e logo me foi confirmado tratar-se, efectivamente, de um exemplar adulto de araucária. Esta seria uma alegre notícia se no caso não estivéssemos diante de uma árvore afectada pelo terrível incêndio.
            Mas, as descobertas no Tromelgo não ficariam por aqui. Dias mais tarde, tivemos conhecimento de mais dois exemplares de araucária no local, onde, em tempos, existiu o Viveiro Florestal do Tromelgo, embora, infelizmente, também afectados pelo incêndio.
            Não há uma certeza de que estes exemplares de araucária sejam os dados como existentes na Marinha Grande (em local desconhecido mas quase por certo no Tromelgo) no Boletim das Obras Públicas de 1860, onde se afirma que “(..) a maior de 2,30 (metros) de altura (..)” e todas as outras foram plantadas em 1845, nem mesmo que alguma delas seja a referida como “(…) o melhor exemplar de Araucaria imbricata (…)” existente em Portugal em 1894, segundo Carlos Augusto de Souza Pimentel no “Jornal de Agricultura e Horticultura Prática” de Janeiro desse mesmo ano. Do mesmo modo, também não se pode afirmar que estes exemplares sejam os inventariados por Arala Pinto em 1936, onde se assinalava “(…) a existência de duas araucárias inbricata no Viveiro do Tromelgo, com 14,7 e 14 metros de altura.”.
            Porém, sendo estas árvores de crescimento muito lento, e atendendo aos anos decorridos e à altura atingida pelos exemplares que no Tromelgo chegaram aos nossos dias, poder-se-ão pôr todas as hipóteses.
            Tendo sido todas elas afectadas pelo incêndio, espera-se uma observação atenta destes exemplares por parte das entidades competentes, no sentido de se analisar quanto à sua hipótese de recuperação, mesmo que aparentemente nula. Será de evitar a todo o custo o abate destes exemplares se houver um mínimo de hipótese para a sua recuperação.

Araucária no Tromelgo em Dezembro de 2016



Araucárias no Tromelgo em Dezembro de 2017

Comentários

  1. Não encontro palavras para comentar!

    JM vou enviar uma foto por sms no Face, preciso de ajuda para identificar.

    Beijinho

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  2. No Jornal de Agricultura e Horticultura Prática de 1894 é referida uma Araucária araucana notável, plantada em 1861 por Adolpho Frederico Muller no Tromelgo. Quanto a Araucaria imbrica, nao conheço a existência mas pode ser uma nova nomenclatura ou uma mais antiga que deu lugar a outra designação. Ja li em varios locais que esta espécie de Araucaria tem um crescimento rapido e por isso está ainda em análise a introdução desta espécie para produção nas áreas ardidas. Há mais de cem anos eram extremamente comuns nalgumas ilhas dos Açores.

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