Sabe-se hoje que o Pinhal do Rei
(Pinhal de Leiria) não teve a sua origem em sementeiras feitas por ordem de D.
Dinis. Segundo a maioria dos investigadores, a afirmação de que teria sido D.
Dinis a mandar plantar o Pinhal poderá ter partido de antigos Cronistas do
Reino que, sem o devido fundamento, assim o afirmaram.
A origem do Pinhal do Rei perde-se
na vastidão dos tempos. No entanto, sabe-se que, mesmo antes da fundação de
Portugal, já aqui existia algum tipo de mata, talvez apenas pinheiro manso
(está ainda por confirmar) e alguma outra vegetação espontânea.
Porém, é também sabido que D.
Dinis, fomentador e precursor de empreendimentos marítimos, dedicou à floresta
grande atenção, para que no futuro não faltasse matéria-prima à construção de
embarcações. Esta atenção, entre outros interesses, nomeadamente agrícolas,
levou a que D. Dinis fomentasse o aumento desta mata, fazendo novas sementeiras
e, como se julga, introduzindo o pinheiro bravo.
Logo durante o reinado de D. Dinis
(1279-1325), o Pinhal, à data existente, começou a fornecer madeira para
construção de pequenos barcos, com os quais se iniciou o comércio marítimo e as pescas nos
ancoradouros da região.
Também D. Fernando, no seu reinado
(1367-1383), continuou a dar grande importância ao Pinhal, pois ao desenvolver
cada vez mais a indústria de construção naval com vista ao comércio e à navegação
precisava das suas madeiras.
Segundo Arala Pinto, que, nos anos
30 do passado século, em obras de alargamento da estrada florestal junto ao
“Canto do Ribeiro” (foz do ribeiro de Moel na Praia Velha) encontrou ruinas de
uma presumível barragem do tempo de D. Fernando e após estudos que fez em
antigos documentos, consta que o Monarca tenha mandado construir, na foz do
ribeiro de Moel, uma lagoa artificial onde as madeiras vindas pelo ribeiro
chegavam e eram retidas para serem mais tarde carregadas em barcos que as
levavam aos estaleiros da Pederneira (Nazaré), Alfeizerão (S. Martinho do
Porto) e Ribeira das Naus (Lisboa).
A partir de 1415, no reinado de D.
João I, iniciaram-se as conquistas em África e, mais tarde, as primeiras
Descobertas.
No reinado de D. Manuel I
(1495-1521), com a grande expansão marítima e a presença nos mares de cada vez
mais embarcações portuguesas, o Pinhal manteve sempre grande importância no
fornecimento de madeira para construção naval.
Por motivos idênticos, os reis
espanhóis que governaram Portugal entre 1580 e 1640 deram também grande
importância ao Pinhal.
Após a restauração da independência
portuguesa, D. João IV, ao querer reaver as possessões que se tinham perdido
durante o domínio espanhol, precisava refazer a Armada, que se encontrava
destruída, necessitando para isso de grandes quantidades de madeira. Mais uma
vez, o Pinhal satisfez essas necessidades.
A partir daí, a necessidade de
madeira para construção naval decaiu um pouco e, mais tarde, em 1850, com o
aparecimento da chapa de ferro para construção de grandes barcos, alguns
estaleiros passaram por dificuldades.
No entanto, e até finais do século
XIX, o Pinhal continuou, em força, a fornecer madeira para a construção naval,
pois esta indústria enveredou por outro tipo de barcos onde a madeira era ainda
essencial: pequenos barcos de pesca, de recreio, arrastões, bacalhoeiros,
traineiras, etc.
Assim, a madeira do Pinhal do Rei teve como principal destino, além de outros, até meados do séc XIX, a construção naval.
E, já no século XX, segundo Arala Pinto, com a construção dos navios bacalhoeiros que iam à Terra Nova e Gronelândia, e por nota que lhe foi fornecida pelo Regente Florestal Sr. Manuel Alberto Rei, se gastava a seguinte quantidade de madeira:
Assim, a madeira do Pinhal do Rei teve como principal destino, além de outros, até meados do séc XIX, a construção naval.
E, já no século XX, segundo Arala Pinto, com a construção dos navios bacalhoeiros que iam à Terra Nova e Gronelândia, e por nota que lhe foi fornecida pelo Regente Florestal Sr. Manuel Alberto Rei, se gastava a seguinte quantidade de madeira:
In: Pinto, António
Arala, 1938, O Pinhal do Rei - Subsídios
In: Fernandes,
Manuel, 1616, Livro das Traças de Carpintaria
Adorei mais uma lição de história,nunca é tarde para aprender ou recordar
ResponderEliminar