O pequeno açude existente no Ribeiro
de Moel, poucos metros a montante da ponte da Ponte Nova, juntamente com as
ruínas na margem esquerda do ribeiro a jusante da mesma ponte, têm por vezes
levado alguns a pensarem tratar-se de vestígios do antigo engenho de serrar
madeira movido com água do próprio ribeiro.
Relativamente às ditas ruinas na margem esquerda do ribeiro, a jusante da Ponte
Nova, ao analisar o aspecto do pouco que podemos actualmente visualizar, já que
estas se encontram maioritariamente soterradas, podemos de facto, dada a
aparente antiguidade, colocar a hipótese de se tratar de vestígios do antigo
engenho ou da represa feita no ribeiro para alimentar a levada que levaria a
água para accionar o engenho. Porém, no meu entender, para o podermos afirmar
com absoluta certeza, seriam necessários estudos aprofundados e alguns
trabalhos no terreno.
Já em relação ao pequeno açude existente poucos metros a montante da ponte da
Ponte Nova, pela sua aparente recente construção (meados do Séc. XX), e pelo
que passo a descrever de seguida, pode-se afirmar que este não tem qualquer
relação com o antigo engenho de serrar.
Ora, em Setembro de 1948, na troca
de correspondência entre Carlos Manuel Baeta Neves e Arala Pinto, já aqui
referida acerca da construção da actual ponte daquele local, em “A ponte nova da Ponte Nova”, ficamos a saber que, por necessidade de uma nova ponte, maior e
mais robusta e em local mais seguro do que aquele onde estava a velha ponte
(arruinada), se escolheu a localização tendo em conta uma inevitável e
necessária correcção torrencial, melhorando o leito do ribeiro e os acessos à
nova ponte.
Sabendo que a correcção torrencial
implicava o desvio do leito do ribeiro, Arala Pinto ordenou a construção da
nova ponte no local escolhido, e só depois as águas foram desviadas para o novo
leito, aterrando-se então o antigo. Portanto, em toda aquela zona, o actual
leito do ribeiro onde se encontra o pequeno açude não seria o leito do ribeiro
na época do engenho de serrar madeira movido a água.
Por outro lado, na mencionada troca
de correspondência, Baeta Neves, acerca da anunciada correcção torrencial do
ribeiro, escreve: «Surpreende-me tudo isto; em primeiro lugar que o ribeiro
necessite de obra tão artificial como a que se anuncia (…)». É então que Arala
Pinto, em resposta, justificando a necessidade do desvio do ribeiro, nos dá
indícios da intenção de construir o açude, dizendo: «Que é bem necessário
artificializar então o curso do ribeiro de Moel demonstrou-o a ruína da ponte
corroída pelos seus alicerces. Mas também creio que não ficará ali nada mal uma
pequena barragem a formar uma cantante queda de água.».
Terá sido assim que, após o período
de construção
da actual ponte na Ponte Nova e o necessário desvio para correcção torrencial
do Ribeiro de Moel, se construiu o pequeno açude que todos conhecemos hoje em
dia. Todavia, a construção do açude só veio a concretizar-se durante a
administração de Acácio Amaral, que, trabalhando como adjunto de Arala Pinto
desde 1948, e por motivo de doença deste, tinha assumido a chefia da
Circunscrição Florestal da Marinha Grande em 1956, já que a construção do açude
só aconteceria em 1957, conforme inscrição no paredão principal.
Há que dizer ainda, a quem de direito, que a ponte de madeira sobre a pequena barragem do açude merece já, por questões de segurança, ser substituída, uma vez que toda ela aparenta grande fragilidade, incluindo as já muito deterioradas vigas mestras.
Há que dizer ainda, a quem de direito, que a ponte de madeira sobre a pequena barragem do açude merece já, por questões de segurança, ser substituída, uma vez que toda ela aparenta grande fragilidade, incluindo as já muito deterioradas vigas mestras.
O açude da Ponte Nova
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