É sabido que o território português foi
outrora habitado por Mouros e outros povos vindos das mais longínquas paragens.
São inúmeras as referências, indícios, lugares e lendas relacionadas com estes
povos.
Naquela época, muito antes da
existência de Portugal, segundo alguns autores, o pequeno surgidouro de S. Pedro de Moel teria servido de apoio às navegações de fenícios e mouros,
favorecendo a fixação de alguns destes povos nesta zona costeira.
Existem no Pinhal do Rei dois lugares
que parecem ter alguma afinidade com esses remotos habitantes, e cujos topónimos
chegaram aos nossos dias: a Valdimeira e a Cova da Moira.
Falando apenas acerca da Lenda da
Moira Encantada e do lugar da Cova da Moira, onde supostamente esta aconteceu, deixarei
para uma futura ocasião dizer algo acerca da Valdimeira.
O lugar da Cova da Moira, mais
recentemente conhecido por Rio Tinto, é muito antigo.
A designação Cova da Moira aparecia já no Regulamento de 1790, ao referir as obrigações dos Guardas. Em 1816, também a Planta do Pinhal de Leiria referia o lugar da Cova da Moira, e já no Século XX, o Eng.º Arala Pinto no seu livro “O Pinhal do Rei” refere várias vezes o topónimo Cova da Moira. Porém, durante o século XX, o topónimo Cova da Moira foi sendo, cada vez mais, posto de lado, ao mesmo tempo que, para o mesmo lugar, se foi tornando mais usual a designação Rio Tinto, que, ao que parece, já designava o pequeno ribeiro que atravessa o lugar.
A designação Cova da Moira aparecia já no Regulamento de 1790, ao referir as obrigações dos Guardas. Em 1816, também a Planta do Pinhal de Leiria referia o lugar da Cova da Moira, e já no Século XX, o Eng.º Arala Pinto no seu livro “O Pinhal do Rei” refere várias vezes o topónimo Cova da Moira. Porém, durante o século XX, o topónimo Cova da Moira foi sendo, cada vez mais, posto de lado, ao mesmo tempo que, para o mesmo lugar, se foi tornando mais usual a designação Rio Tinto, que, ao que parece, já designava o pequeno ribeiro que atravessa o lugar.
No entanto, segundo a tradição
popular, estas duas designações têm origem na antiga Lenda da Moira Encantada
ou Lenda da Cova da Moira.
Referindo-se ao lugar e ao ribeiro que o atravessa, em 1993, Deolinda Bonita, escritora e investigadora da história marinhense, no seu livro “Ao encontro do passado”, fala-nos desta lenda tal como a ouviu contar nos seus tempos de criança.
Referindo-se ao lugar e ao ribeiro que o atravessa, em 1993, Deolinda Bonita, escritora e investigadora da história marinhense, no seu livro “Ao encontro do passado”, fala-nos desta lenda tal como a ouviu contar nos seus tempos de criança.
«Tem-se contado de geração em
geração, que antigamente estes lugares foram habitados por outros povos – os
Mouros. Consta que eram valentes soldados, que se assenhoraram de toda a
Península e que só foram expulsos de Portugal no século XII. Nessa época terá
surgido aqui um grande romance entre um camponês do lugar e uma moira muito
bela, que a todos encantava devido à sua rara beleza. E como é evidente desde
logo surgiu uma certa cobiça por parte dos moradores das redondezas, originando
por vezes determinadas desavenças.
Apesar de contrariada pelo seu povo,
ela estava apaixonada por aquele jovem camponês e tudo fazia para não o perder.
Encontrava-se com ele diariamente neste sítio, nesta cova funda, densamente
arborizada e escondida. Algum tempo depois, quando por ali passava um lenhador,
estranhou a cor da água que corria no ribeiro. Estava tinta… de sangue?
Correu logo a dar a notícia e, pouco
depois, o povo descobriu aqui perto, dentro da vala, o corpo inanimado do jovem
camponês.
Quem o teria assassinado? E porquê?
Mas a resposta ainda hoje ninguém sabe!
Foi por isto que a população deste
lugar lhe passou a chamar Ribeiro do Rio Tinto. Depois, e de então para cá,
contam-se histórias, que nunca mais acabam… Ainda hoje, ao cair da noite, dizem
que o espirito da moira vagueia por esta cova, chorando o seu malogrado amor.
Afirma-se que, quem aqui passar depois do sol-posto, sente algo de estranho… o
vento sopra forte, agitando as folhas das árvores ribeirinhas, as pessoas
sentem-se fascinadas por qualquer coisa de sobrenatural, e até os animais
pressentem isto. Ficam nervosos e fogem “desencabrestados”.».
Para além da lenda, como explicação
destes topónimos, Deolinda Bonita, referindo relatos de antigos moradores
daquele lugar, dá, em 2011, no seu livro “Raízes”
outra explicação: é que, na Cova da Moira, existia «[…] uma planta [medicinal] (Solanum Nigrum), da família das
Solanáceas, vulgarmente conhecida por Erva-Moira. E como era nesta cova que a
planta abundava, a razão de lhe terem chamado primeiro, Cova da Erva-Moira e
depois Cova da Moira.»
Por outro lado, como explicação para
Rio Tinto a autora afirma que, antigamente, ao actual Ribeiro de S. Pedro se
chamava Ribeiro Tinto, «[…] devido ao facto de parte do seu leito ser de argila
e em muitas zonas as suas margens serem de surraipa mais acastanhada, que em
contacto com a água lhe dava um tom diferente.», um tom avermelhado, tinto.
Mas, sobre a origem destes
topónimos, seja ela baseada nesta versão ou seja na narrativa da antiga lenda,
pode ser que alguém um dia nos possa esclarecer. Porém, a Lenda da Moira
Encantada perpetuará.
A antiga casa de guarda-florestal
no lugar do Rio Tinto ou Cova da Moira
Gosto muito destas histórias de mouras encantadas...
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