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Acerca do edifício da antiga Fábrica de Resinagem

            Situado no centro tradicional da Marinha Grande, o edifício da antiga Fábrica de Resinagem, recentemente reabilitado, passou a albergar dois espaços museológicos em conjunto com alguns serviços camarários.
            O Núcleo de Arte Contemporânea (NAC) do Museu do Vidro está instalado desde 19 de Outubro de 2013 no “cubo de vidro”, edifício construído no pátio interior da velha fábrica, onde, no princípio do Século XX, ao lado de um pequeno jardim e lago interiores funcionou o depósito e purificação de resinas. 
            Já a Colecção Visitável do futuro Museu da Indústria de Moldes, patente desde o passado dia 13 Dezembro, ficou instalada no próprio edifício da antiga resinagem.
            Creio não haver dúvidas de que estes novos espaços museológicos representam dois dos mais importantes sectores da indústria do nosso concelho. Porém, se nos lembrarmos da origem deste edifício, construído em 1859 para albergar a “Fábrica de Resinagem” desenvolvendo novos processos de fabrico e incrementando a indústria das resinas que em Portugal, e nomeadamente na “Fábrica Resinosa” da Marinha Grande (Engenho), vinha a definhar, gostaria também de ver este espaço acolhendo o já falado há imenso tempo Museu da Floresta ou um seu núcleo, ou ainda o Arquivo Florestal, que mais recentemente foi anunciado para o Parque do Engenho, tendo sido assinados protocolos ou parcerias, não sei bem, com alguma pompa e circunstância, mas cujos resultados práticos para a população, até hoje, são nulos, não se vislumbrando qualquer iniciativa em seu seguimento.
            É preciso não esquecer que, na Marinha Grande, a indústria do vidro, que posteriormente com o aparecimento do plástico substituindo alguns artigos em vidro levou ao aparecimento da indústria dos moldes, teve a sua origem dada a existência e a proximidade do Pinhal do Rei quando, em 1748, João Beare (um irlandês) aqui instalou a Real Fábrica dos Vidros da Marinha Grande, depois de problemas de vária ordem, nomeadamente a falta de lenhas para alimentação dos fornos, terem inviabilizado e levado ao encerramento da Real Fábrica dos vidros da Coina, sendo esta totalmente transferida e depois montada na Marinha Grande.
            Recordo ainda que este edifício, de estilo “Pombalino”, foi projectado por Bernardino José Gomes que, em 1866, chegou a ser Administrador do Pinhal do Rei e cuja fábrica também dirigiu. Esta fábrica trabalhou de início por conta dos Serviços Florestais sendo mais tarde, a partir de 1868, arrendada a particulares.
            Em 1940, com a mudança de instalações por parte do último arrendatário, deu-se o encerramento da fábrica. O edifício regressou à posse dos Serviços Florestais e em 1941 foi cedido à Câmara Municipal da Marinha Grande. Ali foram instalados em 1942 o Mercado Municipal e, mais tarde, a Biblioteca Municipal e a repartição de Registo Civil.
            Posto isto, quer se concretize ou não a instalação do Museu da Floresta ou um seu núcleo neste edifício, creio que, pelo menos, e havendo ainda, julgo eu, espaços vazios no reabilitado edifício da antiga fábrica, ou mesmo, em ultimo recurso, nos próprios corredores que são bastante largos, aqui deveria ser instalado um pequeno espaço museológico lembrando as origens deste edifício e o que foi a Fábrica de Resinagem da Marinha Grande. Paralelamente, a existência de uma pequena placa à entrada do edifício lembrando também as suas origens e para que serviu completaria a informação.
            Deste modo, para quem visita o nosso concelho, e particularmente os novos espaços museológicos marinhenses instalados neste edifício, e até, estou em crer, para muitos marinhenses, se daria a conhecer o que simboliza a palavra resinagem quando aplicada a este edifício.


Patente de 10 a 27 de Março de 2011 na exposição "Factos e Personalidades do Pinhal do Rei", na Galeria Municipal da Marinha Grande – Edifício dos Arcos (Jardim Stephens)


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