Este pinheiro, de notáveis dimensões
e longevidade, existiu no talhão 180. Tinha 0,89 metros de diâmetro a 1,30 m do
solo (DAP), 39 metros de altura e uma idade, em 1941, de cerca de 200 anos.
Esta avançada idade levou-o a ser
atacado pelo Trametes pini (cogumelo que ataca o pinheiro devorando-lhe o
tronco), pelo que, nos últimos anos da sua vida, para o manter de pé, foi construído
um maciço de areia (um montinho) em redor do seu tronco.
A descrição deste pinheiro é-nos
dada com emoção pelo Eng.º Arala Pinto no seu livro “O Pinhal do Rei”:
“Eu mesmo, executor do ordenamento que manda abater arvoredo e semear o terreno
desnudado, sinto emoção junto da velha árvore. Várias vezes tenho subido a esse
monte de areia que pretende sustentar o corpo contaminado do Pinheiro do
Montinho, e nunca o faço sem sentir uma certa emoção. À distância, vejo-o ainda
aprumado, dominando o povoamento uniforme e puro, que conta hoje 116 anos de
idade, semeado depois da queimada de 1824 que devorou os seus irmãos,
poupando-o a ele, Gigante do Pinhal de Leiria e talvez no mundo do pinheiro
bravo, mas subindo o pequeno morro de terra que o ajuda a manter-se de pé, vejo
que o seu tronco foi ferido com o machado, talvez em 1820, numa extensão de
dois metros e noventa a partir da base, para lhe arrancar uma parte do lenho
para o fabrico de alcatrão, e pelo seu corpo acima
pululam os Trametes pini, que com a lentidão do tempo lhe vão devorando a
ossatura, o cerne, que é por assim dizer eterno ao abrigo de telha,
e que tem a vida relativamente curta exposto ao tempo no corpo da árvore que o
produziu. O vendaval levou-lhe a flecha, as
suas braças pendem, e tombará no solo quando o machado em 1943 derrubar os seus
filhos, o maciço que o cerca e que o defende das arremetidas do vento, prole
que viu nascer, que dominou e vigiou dos seus 38 metros de altura (com a flecha
mediu 47 metros).
A verruma de Pressler não tem
comprimento bastante para lhe levar o ferro até ao coração, e a sua idade só se
pode determinar com segurança quando a árvore tombar, e se fizer o corte
transversal no tronco junto à base, se o cogumelo na sua voracidade a tiver
poupado…”.
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