Para demarcar todo o Pinhal do lado
de terra (Norte, Sul e Este) e também como forma de prevenir que fogos
exteriores ao Pinhal Real não passassem para dentro deste, foi criada, no tempo
do Marquês de Pombal, uma faixa de terreno em volta do Pinhal com 22 metros de
largura e sem qualquer vegetação, a que veio a chamar-se Aceiro Exterior ou Aceiro Geral.
Mais tarde, em 1790, para aumentar a segurança e o controlo de entradas e
saídas do Pinhal, o Ministro da Marinha Martinho de Melo e Castro mandou abrir
uma vala com 2 metros de profundidade e 1.5 metros de largura que circundava
todo o Pinhal acompanhando o Aceiro Exterior e deixando apenas 4 passagens
controladas por guardas. Aí foram construídas casas onde os guardas passaram a
viver com as suas famílias. Uma dessas primeiras passagens foi aberta no sítio
da Cova do Lobo, topónimo cuja origem desconheço.
O sítio da Cova do Lobo situa-se na
fronteira Este do Pinhal, junto ao Aceiro Exterior, no início do Aceiro I. No
local existem duas construções, sendo uma delas, dado o estilo arquitectónico
da construção, perfeitamente identificável como sendo uma Casa de Guarda, em
tudo semelhante a muitas outras ainda existentes. Esta casa encontra-se ainda
em razoável estado de conservação dado que é ainda habitada pelo Sr. Angustinha,
antigo Guarda- Florestal, já reformado.
Foram para mim de extrema utilidade
as informações dadas pelo Sr. Angustinha, quando, há cerca de um ano atrás,
visitei aquele lugar e o encontrei a tratar da sua horta.
Quando indaguei acerca da construção
que fica a Norte da Casa de Guarda foi-me dada a seguinte explicação:
No tempo em que o Pinhal teve a sua
administração repartida entre a 14ª Administração (a norte) e a 15ª
Administração (a sul), a separação fazia-se precisamente naquele lugar, sendo a
construção em causa uma antiga Casa de Guarda.
Assim, esta antiga Casa de Guarda
estava ligada à 14ª Administração, situando-se a norte do Aceiro I, enquanto a
nova Casa de Guarda estava já ligada à 15ª Administração, situada já a sul do
mesmo aceiro.
Terminada a administração partilhada
do Pinhal por estas duas entidades a Velha Casa passou a servir de arrumação à
nova Casa de Guarda e, quando já nem para isso servia, por o seu estado de
degradação tornar perigosa a sua utilização, passou ao estado de completo
abandono. Pretendeu-se deitar abaixo a Velha Casa mas, em decisão posterior, foi decidido não o fazer, mantendo-se ainda hoje de pé apesar do seu
avançado estado de degradação. Escorada e já sem parte do telhado, em perigo
iminente de derrocada, é caso para dizer: “Um dia a Casa vem abaixo”. É
pena!... Pois trata-se de uma construção que, para além de antiga, possui uma
traça arquitectónica ímpar em todo o Pinhal.
Agradeço ao Sr. Angustinha as
informações fornecidas, mais tarde confirmadas por outras fontes.
Excerto do Mapa de
1940 do Pinhal do Rei indicando a localização destas Casas de Guarda junto ao
Aceiro I
A Casa de Guarda da
Cova do Lobo
A antiga
Casa de Guarda da Cova do Lobo
Rua Cova do Lobo
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