Fazendo parte da Freguesia e
Concelho da Marinha Grande, o lugar de Pedreanes situa-se à saída desta cidade
em direcção a Norte, estando, em parte, com o seu Bairro Florestal, integrado
na área do Pinhal do Rei, situando-se na sua fronteira Este, sensivelmente a
meio do comprimento desta Mata.
Em 1824, Pedreanes era já um lugar
de grande importância no que respeitava à exploração florestal do Pinhal do
Rei, mas viria a aumentar essa importância na sequência das decisões tomadas
após o grande incêndio que, nesse mesmo ano, destruiu uma imensa área florestal
à volta de S. Pedro de Moel, prejudicando as actividades do embarcadouro onde
eram feitos os embarques de madeira e outros produtos do Pinhal. Esta situação,
juntamente com os constantes desgastes provocados pelo avanço do mar, levaram
D. João VI a determinar que o embarque de madeiras do Pinhal Real se fizesse na
Foz do Rio Lis.
Para apoiar os embarques na Foz do Lis
foram construídas Tercenas naquele lugar e as Tercenas de S. Pedro de Moel
foram, em 1871, mudadas para Pedreanes.
Entretanto, dada a localização
estratégica de Pedreanes, ali foi centralizada a chegada dos produtos do
Pinhal, trazidos pelos carreiros em carros de tracção animal e posteriormente
transportados para embarque na foz do Lis através do Caminho das Tábuas, assim
chamado por aí se transportarem tábuas. Este caminho existiu desde 1840 e
destinava-se a facilitar o trajecto entre Pedreanes e as Tercenas, na foz do
Rio Lis. Foi mais tarde melhorado, passando a ser constituído por varas de
madeira dispostas longitudinalmente e assentes em estacas enterradas no solo,
formando uma espécie de linha de caminho-de-ferro onde circulavam grandes
carros puxados por bois e com cavas nas rodas para não descarrilarem. Por ser
constituído por varas, passou a chamar-se Caminho das Varas.
Por volta de 1857, o embarcadouro de
S. Martinho do Porto voltou a ter grande importância para o escoamento dos
produtos do Pinhal do Rei e, mais uma vez, a partir de Pedreanes, se construiu
um novo caminho para facilitar o transporte entre estes dois locais. Tratou-se
de mais um caminho com tracção animal, ficando conhecido por Caminho de Ferro
Americano. Foi construído inicialmente com carris de madeira mas, em 1861, com
a renovação ordenada pelo Ministro das Obras Públicas, o Duque de Loulé, estes
foram substituídos por carris de ferro, importados juntamente com material
rolante, o que permitiu um melhor deslize.
Em 1885, com o início da construção
da Linha de Caminho-de-Ferro do Oeste, que aproveitou parte do traçado do
Caminho de Ferro Americano, e com a chegada, em 1888, dos comboios a vapor à
Marinha Grande, o Comboio Americano foi desactivado.
O escoamento dos produtos do Pinhal
do Rei passou a fazer-se pela Linha de Caminho-de-Ferro do Oeste, sendo
construída em 1888/89 a Estrada da Estação (actual Av. 1º de Maio) que dava
continuidade à Estrada do Engenho que, em 1867, foi a primeira estrada
construída pelos Serviços Florestais, ligando o edifício da Administração a
Pedreanes (actual Av. José Gregório), ficando assim feita a ligação entre
Pedreanes e a estação dos caminhos-de-ferro.
Mas o transporte por tracção animal
era muito moroso, e com a introdução, em 1923, de um pequeno comboio a vapor de
via reduzida (60 cm) no Pinhal do Rei, novamente se construiu um caminho
específico para fazer o escoamento dos produtos do Pinhal, fazendo-se a ligação
por caminho-de-ferro entre Pedreanes e a estação de caminho-de-ferro da Marinha
Grande.
Em 1965, com a rede de estradas
bastante melhorada e já com bons transportes rodoviários, o comboio foi
desactivado e deixou de circular, passando esta ligação a fazer-se por via rodoviária.
Vestígios da Linha do
Comboio Americano junto à Fábrica dos Vidros - Início do Séc. XX
Estação do
caminho-de-ferro da M. Grande em 1918
Estação do Comboio
Americano e Casa de Guarda - Pedreanes em 1937
Comboio de Lata e
maquinista - Pedreanes em 1936
Estação do Comboio
Americano em Pedreanes
Entrada da Estação do
Comboio Americano em Pedreanes
Bom dia
ResponderEliminarDeixo-lhe aqui os meus parabéns pelo seu excelente blogue, que sigo já há muito tempo.
Sou professor numa das escolas da Marinha Grande e gostaria muito de falar consigo. Se possível, entre em contacto comigo através do e-mail pgrilos@gmail.com.
Parabéns pelo seu trabalho. Foi bom aqui ter passado via Folha Seca. Uma lufada de ar fresco (com cheiro a seiva e a camarinhas) na blogosfera marinhense.
ResponderEliminarBom ano e continuação de bom trabalho. Passarei a frequentador regular.