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A exposição "Factos e Personalidades do Pinhal do Rei"

            Com mais de sete séculos de existência, o Pinhal do Rei representa mais que uma mancha florestal junto à costa litoral portuguesa. Está na base da fundação e desenvolvimento de uma região e da sua transformação em grande centro industrial.
            A sua origem remonta a épocas anteriores à fundação de Portugal, em que este território possuía apenas vegetação espontânea e pinheiro manso. No reinado de D. Dinis (1261-1325) foram encetados os primeiros esforços de arborização, através da sementeira de pinheiro bravo, para fixar as areias das dunas da costa e assim proteger os campos aráveis que permitiriam o desenvolvimento da agricultura, da floresta e dos recursos cinegéticos. Com D. Dinis surgiu a primeira administração para gerir as “Matas da Coroa”. Era o início da longa e profícua história florestal portuguesa.
            A construção naval, essencial às viagens marítimas e aos descobrimentos, recebeu do Pinhal do Rei um enorme contributo através do fornecimento de madeira e de produtos resinosos. Tal fomentou a fixação dos primeiros povoados de lenhadores, serradores e carreiros, origem de lugares que ainda hoje existem no concelho da Marinha Grande.
            A reestruturação e regulamentação dos serviços da Administração das Matas, em meados do séc. XVIII, constituíram um forte impulso para o desenvolvimento do Pinhal, cujos recursos naturais assumiam grande importância no aparecimento e crescimento de outras indústrias na região – como a do vidro, dos produtos resinosos, da serração, da metalurgia, das limas, entre outras. Foi porém no séc. XIX que se assistiu a intervenções preponderantes no pinhal, marcantes não apenas para a história do Pinhal do Rei mas para a história da floresta portuguesa. Foram elaborados e implementados os primeiros planos de ordenamento florestal, desenvolvidos importantes estudos botânicos e florestais, definidos planos de prevenção e combate a fogos, construídas estradas, caminhos-de-ferro, postos de vigia, bairros florestais, serrações, acções e decisões tomadas por técnicos, cujos percursos de vida aqui são relevados, que durante os dois séculos de existência da Administração das Matas se dedicaram em transformar o Pinhal do Rei num exemplo de ordenamento e exploração dos mais importantes do país.
            Mas restringir o papel que o Pinhal do Rei desempenhou somente ao domínio técnico florestal seria limitar a sua importância histórica. Tal como os pinheiros serpentes, espécie exclusiva desta zona litoral, este “pequeníssimo fragmento do humilde planeta”, nas palavras de Arala Pinto, contém um entrelaçar de vidas enraizadas na dedicação à floresta e que por ela se sacrificaram – desde administradores das matas, passando por tesoureiros, carpinteiros, serradores, carreiros sem nunca esquecer o corpo de guardas florestais que protegiam o Pinhal, colocando em risco a sua própria vida.
           É a esta “catedral verde e sussurrante” amada por Afonso Lopes Vieira e evocada por muitos autores, que se presta homenagem, numa iniciativa organizada pela Câmara Municipal da Marinha Grande em parceria com a Autoridade Florestal Nacional, integrada nas comemorações do Ano Internacional das Florestas.
            A Câmara Municipal da Marinha Grande agradece a todos quanto contribuíram para a concretização deste projecto, em especial ao Engenheiro José Neiva pelo seu apoio técnico e científico, bem como pelo empréstimo de bens da sua colecção particular; à D. Helena Maria dos Santos Casaleiro pelo empréstimo do fato de Guarda Florestal; e ao Sr.Barreiro, pelo empréstimo do manequim.

IN: http://www.afn.min-agricultura.pt/portal
Patente de 10 a 27 de Março de 2011 na exposição "Factos e Personalidades do Pinhal do Rei", na Galeria Municipal da Marinha Grande – Edifício dos Arcos (Jardim Stephens)

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