Avançar para o conteúdo principal

Viveiro Florestal do Tromelgo

            Desconhece-se ao certo a data de entrada em funcionamento do viveiro do Tromelgo mas um documento enviado a Frederico Varnhagem em 1826, citado por Arala Pinto em 1938 no seu livro “Pinhal do Rei”, já dizia: “Remeto a V. S.ª huma porção de Penisco, novo, colhido nos Bosques da Polonia, e da Rússia Branca, a fim de que de baixo de todo o cuidado e observação V. S.ª o faça semear, como melhor julgar, nos Reaes Pinhaes da sua Administração; devendo V. S,ª de huma pequena porção do referido Penisco fazer sementeira, onde entender mais acertado, em alfobres, (…), enquanto não vingam. E posteriormente informar-me do resultado destas plantações.”.
            Poderá ter estado aqui o início do viveiro do Tromelgo, onde o terreno era fresco, fundo e havia água em abundância.
            Em 1838, num outro documento, também citado por Arala Pinto, manifestava-se a preocupação com a qualidade e estado das sementes. E em 1839, já no tempo da Rainha D. Maria II, é seu marido D. Fernando II que pretendendo introduzir novas essências florestais se dirige a Frederico Varnhagem, através da Secretaria de Estado do Negócio da Marinha e do Ultramar: “De ordem de Sua Exª. O Ministro e Secretário de Estado desta Repartição tenho a honra de enviar a V. Exª. O pequeno caixote, que receberá pelo Seguro, e o qual encerra trinta e três amostras de diferentes espécies de Pinheiros as quais foram dadas a Sua Exª. Por Sua Magestade o Sr. D. Fernando o Segundo, a fim de serem mandados semear e cultivar com esmero as futuras plantas, dando V, S.ª conta do resultado desta sementeira, como sua Ex.ª manda muito recomendar (…)”.
            O viveiro do Tromelgo foi ampliado no tempo de João de Fontes Pereira de Melo, sucessor de Frederico Varnhagem, e em 1845 recebe várias espécies de sementes.
            “Em 1868 já se ordena que dos viveiros do Tromelgo e do Engenho sejam fornecidas plantas à Câmara Municipal de Vila do Conde”, segundo nos diz também Arala Pinto, referindo a existência de documentação comprovativa em arquivo na 3ª Circunscrição Florestal (Marinha Grande).
            Ao longo dos tempos, no viveiro do Tromelgo, talhões 289/290 do Pinhal do Rei, foram plantadas, várias espécies de árvores e plantas destinadas a serem distribuídas pelas Câmaras Municipais e Serviços Florestais de todo o país.
            Mais tarde, entre 1914 e 1926, quando no Tromelgo funcionou a Escola de Formação de Guardas Florestais, o viveiro teve grande incremento. Era um lugar aprazível com as mais bonitas espécies de arvoredo. Uma represa, construída no ribeiro para juntar águas de rega, abastecia as valas de irrigação espalhadas ao longo do recinto. Árvores raras, pequenas plantas e centenas de flores plantadas em pequenos vasos, alinhavam-se ao longo de veredas ladeadas por sebes de buxo, dando um ar de beleza e frescura a este parque.
            O viveiro Florestal do Tromelgo foi abandonado pelos Serviços Florestais em meados do século XX e hoje dele só restam algumas das grandes árvores: liriodendros, eucaliptos, acácias, magnólias, etc.
            Neste local existe hoje um parque de merendas. É conhecido por Parque do Tromelgo.


Viveiro Florestal do Tromelgo - anos 30 do séc. XX

Comentários