No recinto do actual Parque Florestal do Engenho funcionaram, ao longo dos séculos, vários serviços ligados
à exploração e administração florestal do Pinhal do Rei.
Cheio de arvoredo e jardins, outrora
bem tratados, o Parque do Engenho foi aberto ao público por volta dos primeiros
anos do séc. XX.
Para além das actividades inerentes
à exploração e administração do Pinhal, o parque acolhia, ocasionalmente,
algumas actividades culturais ou de lazer em benefício dos trabalhadores dos
Serviços e da população em geral.
Já no início do século XX, era
costume efectuarem-se grandes convívios populares por ocasião do 1º de Maio, a
cargo da Associação dos Vidraceiros. Deslocavam-se, em desfile, com carros
alegóricos e a Banda dos Bombeiros Voluntários da Marinha Grande, seguidos pela
população que, durante todo o dia ali convivia alegremente.
A partir da década de 30 do passado
século, ali se realizaram grandes festejos, principalmente em Junho, aos Santos
Populares, mas, também, festas de outra índole, com artistas da Rádio, ou mesmo
peças de teatro.
Sobre estes festejos, diz-nos João
Rosa Azambuja em “Cidade da Marinha Grande – Subsídios para a sua História”:
«(…) a “família florestal” aí realizou grandes festejos populares aos Santos de
Junho. O recinto era iluminado por lâmpadas de cor, as ruas engalanadas por
arcos em madeira pintados com motivos alusivos ao pinhal e com caricaturas das
figuras mais proeminentes dos Serviços, havia quermesses, tômbolas, barracas de
comes e bebes, divertimentos vários, exibição de ranchos folclóricos, bailes
abrilhantados pelas orquestras marinhenses (Pinantes e Moitas) e muita música,
tocada por duas bandas. Estes festejos, talvez os melhores que se realizaram na
Marinha Grande, ainda são recordados pela população, que enchia todas as noites
o grande recinto. As receitas, que eram grandes, revertiam a favor do Grémio Florestal.
Até se chegaram a realizar no Parque
espectáculos culturais: espectáculos com artistas da Rádio e peças de teatro,
como a revista “O Pinhal Real” de Arala Pinto.».
De facto, em 1936 introduziu-se uma
novidade nestes festejos – o Teatro. Foi levada à cena uma peça representando o
“Pinhal Real”, que se desdobrava em duas partes: na 1ª, o Rei D. Dinis fazia a
história do Pinhal, na 2ª o Rei contemplava os melhoramentos introduzidos na
floresta. Os cenários foram pintados pelo professor e Director da Escola
Industrial, Alberto Nery Capucho e João Correia, um conceituado operário marinhense,
pintor de vidro.
Ainda durante a década de 50 se
efectuaram algumas festas.
Actualmente, o parque está encerrado
ao público, depois de, por volta do início deste século, ali terem encerrado as
actividades relacionadas com o Pinhal. Este encerramento trouxe alguma falta de
manutenção regular, o que se traduz na enorme degradação de todo o espaço, quer
se trate do património edificado ou do riquíssimo património natural ali
existente, último vestígio do antigo viveiro florestal que ali existiu.
Em finais de 2019 foi lançado um
plano de recuperação e cedência dos edifícios construídos dentro do Parque do
Engenho, através do programa “Revive Natureza”, prevendo-se a recuperação, a
regeneração e a reabilitação do património público, assim como a sua disponibilização
para fruição. Espera-se que esta seja, finalmente, a oportunidade há muito
esperada e que o Parque do Engenho venha a recuperar a beleza e o brilho de
outrora, ampliado agora com o tão desejado Museu da Floresta.
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