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A mostrar mensagens de setembro, 2012

As Tercenas

            O lugar hoje conhecido na Praia da Vieira como Tercenas, parece derivar do antigo termo "taracenas", estaleiros ou armazéns. A construção de tercenas na Praia da Vieira vem da necessidade de escoamento da madeira e outros produtos do Pinhal do Rei em finais do séc. XVIII e início do séc. XIX, dado que os portos de S. Martinho do Porto e Pederneira, em virtude do assoreamento, se encontravam limitados na sua normal operacionalidade.             Em finais do século XVIII e início do século XIX, na foz do Rio Lis na Praia da Vieira, realizaram-se trabalhos para regularizar a foz e o leito do rio, tendo em vista um melhor aproveitamento agrícola dos campos para benefício da Casa do Infantado e dos cultivadores. Estas obras viriam simultaneamente restabelecer a navegabilidade na foz do Lis.             Com estes melhoramentos na Foz do Lis e dada a situação do porto de S. Pedro de Moel , também ele prejudicado com os constantes desgastes provocados pelo avanço do

A serração braçal

            Depois de abatida a árvore com o machado ou com a serra de punhos, esta era cortada em toros nas medidas exigidas pela futura aplicação que teriam.             Para transformação dos toros (a que chamavam falca) em tábuas ou barrotes, a falca era içada e montada em cima de uma espécie de cavalete (a que chamavam burra). Iniciava-se então a serragem com um serrador em pé em cima da falca e o outro no solo. À custa de grande esforço físico, os 2 serradores faziam uso da grande serra braçal, puxando-a para cima e para baixo.             Esta profissão artesanal resistiu até às primeiras décadas do século XX, apesar da existência já de serrações mecânicas. As dificuldades de transporte dos grandes troncos até essas serrações, permitiu que se continuasse a fazer a serragem de madeiras junto aos locais de corte (abate) de árvores.             Nalguns casos, esta longeva profissão manteve-se até meio de século XX. Serração braçal - anos 30 do séc. XX Serração

Martelos florestais

            Como medida de prevenção contra abusos que se vinham a praticar em relação à madeira retirada do Pinhal do Rei (Pinhal de Leiria), em 1751, o Marquês de Pombal no seu “Regimento para o Guarda Mor dos Pinhaes de Leiria e Superintendente da Fábrica da Madeira da Marinha” ordenava que os ferros (martelos florestais) com as marcas a marcar na madeira cortada no Pinhal de Leiria fossem, por motivos de segurança, guardados num cofre existente na “Fábrica da Madeira” no lugar do Engenho na Marinha Grande, não permitindo que andassem pelas mãos dos Mercadores fora das ocasiões precisas. Martelo florestal Patente de 11 a 26 de Outubro de 2008 na exposição "700 Anos de Floresta – Exposição Fotográfica do Pinhal do Rei", na Galeria Municipal da Marinha Grande – Edifício dos Arcos (Jardim Stephens) Martelo florestal e marcas na madeira Patente de 11 a 26 de Outubro de 2008 na exposição "700 Anos de Floresta – Exposição Fotográfica do Pinhal do

O derrube de lenha

            No início dos anos 40 do século passado, falando da vida social das famílias marinhenses ligadas ao Pinhal do Rei, ou que de lá retiravam algum acréscimo aos seus rendimentos mesmo quando ligadas a outras fontes de rendimento como a indústria do vidro, Arala Pinto no seu livro “O Pinhal do Rei” diz-nos a dada altura:             “A vida destas famílias é feita ainda pelo somatório do trabalho de cada um dos seus membros. O homem foi para a fábrica acompanhado do filho de 13 anos (…). O filho de onze anos foi para o pinhal derrubar lenha, a mãe ficou em casa a cuidar da alimentação do porco. A filha de 15 anos irá à tarde com a carrocita do burro ou com o carro da vaca carregar a lenha que o seu irmão foi derrubando durante o dia, subindo a pinheiros de 30 metros de altura e com um pequeno podão cortar em cada árvore uma ou duas braças secas. Essa lenha ou é para consumo caseiro ou vai ser vendida, na casa do comerciante, do operário, ou na fábrica.             Não hav