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Pau Real

          Não foi possível conhecer com suficiente aproximação o início da designação “Pau Real”, atribuída a certas árvores no Pinhal do Rei.
            Porém, já no parágrafo 25 do Regimento para o Guarda Mor dos Pinhais de Leiria, feito em 1751, se diz:
            “Toda a pessoa de qualquer qualidade, que seja, que for comprehendida em cortar páu de algum dos meus Pinhaes, pagará pela primeira vez cinco mil reis, e pela segunda dez mil reis; e sendo porém páo Real capás de servir nas minhas fábricas, pagará pela primeira vez vinte mil reis, e pela segunda quarenta mil reis, e dous anos de degredo para Africa, e em todo o caso perderá as alfaias, os Bois, e os carros, que forem achados no Pinhal carregando madeira; tudo aplicado na forma assima dita. (…)”.          
              Esta transcrição, retirada do livro “Pinhal do Rei”, Vol. 1, de Arala Pinto, de 1938, vem acompanhada de uma fotografia de “Um páo Real”, existente naquela época no Pinhal.
             A avaliar pela foto e pelo transcrito acima, o “páo Real” era um pinheiro que, pela sua dimensão e alto fuste, perfeitamente rectilíneo, era capaz de servir nas fábricas reais (construção naval), nomeadamente para os grandes mastros.
            Árvores como a exibida na referida foto chegaram aos nossos dias com a designação de sementões ou reservas, visto que, terminada a construção naval em madeira, estas passaram a ter como principal função assegurar as sementeiras por regeneração natural dos povoamentos florestais após os cortes e/ou eventualmente servirem para qualquer peça de extraordinárias dimensões.
            Até Outubro de 2017, existiu no Pinhal uma assinalável quantidade de árvores classificadas como “de interesse público”, muitas delas antigos sementões, que, pela sua altura e alto fuste rectilíneo, poderiam ser designadas de “Pau Real”. Porém, como se sabe, com incêndio do dia 15 desse Outubro de 2017, todos desapareceram.
             No talhão 274 existiu um dos mais antigos sementões do Pinhal do Rei. Com a sua altura e alto fuste rectilíneo era um perfeito “Pau Real”. Depois de fortemente atacado pelo incêndio, acabou por ser cortado, recentemente, quando se limpou o talhão. Ficou no solo um último vestígio, o cepo.

O sementão do Talhão 274 em 2018 após o incêndio

Último vestígio deste sementão

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